Certas causas fazem mover o mundo. Esta foi uma dessas, que
fazemos relato nestas linhas. O apelo foi lançado, como muitos outros, e a
palavra foi passando de perfil em perfil, de partilha em partilha. Muitos foram
mesmo para o terreno e desses permitam-nos destacar três: a Georgina, a Leonor
e o Porfírio, este último que veio de Braga de propósito. Os três deram o seu
tempo às buscas que duraram horas, ao longo de toda uma tarde. Uma vez
localizado o cão, a tarefa que se seguiu não foi especialmente fácil. Na
tentativa de o resgatar, o patudo caiu ao rio, de onde não sairia sem ajuda.
Mas as mãos uniram-se e a roupa molhada não era ali assunto. O resgate
aconteceu com sucesso.
No internamento, soubemos dos resultados das análises ao
sangue. Os valores estavam dentro dos parâmetros normais, com umas pequenas
alterações causadas pelo estado grave de magreza (leia-se: pela falta de
alimento). Aguentou-se bem, o rapaz. Começou a comer, ainda que em pequenas
quantidades de cada vez, e dispensou o soro. Demos-lhe um nome. Lethes, assim
se chama agora, como o rio onde caiu. Por onde passam as águas que uns diziam
ser do esquecimento.